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2D para 3D

2D para 3D

 

Efeitos em 3D. Se você acompanha o mundo do entretenimento já deve estar  enjoado de ouvir esse termo nos últimos dozes meses. Durante a CES 2010,  realizada no início do ano, grande parte dos produtos relacionados a imagem e  vídeo apostavam no 3D como diferencial.

No cinema não é diferente. Depois de Avatar assumir o posto de maior bilheteria da história do  cinema mundial, com US$ 2,7 bilhões de faturamento, boa parte dos grandes  lançamentos decidiu adotar a nova tecnologia como formar de ganhar um pouco mais  nas bilheterias e conquistas a atenção do espectador.

Mas até que ponto o excesso de produtos e 3D pode ser prejudicial para o  mercado? Será que na pressa de apresentar resultados em três dimensões o  resultado final do que chega até o espectador é satisfatório?

 

 

Avatar deu início a era do 3D nos cinemas e no home entertainment

 

Linguagem sim, adereço não!

Um dos maiores responsáveis pelo sucesso repentino do 3D é James Cameron,  diretor do filme Avatar. Um dos seus méritos na produção foi desenvolver uma  câmera na qual é possível acompanhar, em tempo real, o resultado obtido por cada  uma das lentes já em 3D. No entanto, ele não parece estar satisfeito com o que  está vendo por aí.

Segundo Cameron a conversão de projetos de 2D para 3D, sem nenhum  planejamento, está matando a qualidade da nova tecnologia e pode significar, em  longo prazo, um tiro no pé da indústria. O caso mais recente aconteceu com o  filme Fúria de Titãs, convertido de 2D para 3D em apenas oito  semanas. O resultado não agradou ao público.

A explicação é simples: sem planejamento, o 3D perde o sentido. Quando um  filme ou uma imagem é planejada para ser criada em três dimensões existe um  propósito maior por trás disso. Trata-se da linguagem do filme, ou seja, a  maneira escolhida pelo diretor para mostrar uma determinada cena.

 

 

Fúria de Titãs: adaptação feita em 8 semanas não agradou o público

 

 

Isso inclui posicionamento de câmera e a composição da cena, de forma que os  elementos em primeiro plano se sobressaiam nesta nova dimensão, criando uma  sensação de profundidade maior e, consequentemente, o espectador veja tudo em  3D.

Quando um filme é convertido o que acontece nada mais é do um ofuscamento da  camada de fundo (ou segundo plano) em prol do primeiro plano. Com isso, as  imagens que estão à frente em uma cena são ressaltadas criando uma sensação  similar ao efeito 3D. Ou seja, se a imagem não for planejada com antecedência em  3D, o resultado final estará longe do ideal.

Conversão perfeita? Ainda não há como  afirmar que uma conversão de imagem em 2D para 3D apresente um resultado final  perfeito. Embora os resultados possam ser consideravelmente satisfatórios, ainda  não há como substituir ou reproduzir fielmente uma imagem que seja filmada  completamente em 3D.
Isso acontece graças ao processo adotado na  conversão de imagens. A imagem é duplicada e o primeiro plano ganha maior  destaque. Já o segundo plano ganha um leve desfoque. O resultado final é uma  imagem com maior sensação de profundidade de campo, mas nem sempre alta  qualidade de definição.
A diferença á atenuada em imagens criadas em CGI.  No entanto, imagens filmadas normalmente são muito mais complexas e mesmo com  toda a tecnologia disponível ainda assim o resultado não é o ideal e os mais  detalhistas perceberão imagens com pouca nitidez e leves deformações.

A vantagem é dos virtuais

Na era da conversão de 2D para o 3D quem acaba se saindo melhor são as  animações e os games. A explicação é simples: tanto os jogos quanto as animações  são desenvolvidas inteiramente no computador, com a maior parte do processo  ocorrendo sem a necessidade de captação de imagens.

 

Animações como Toy Story 3 levam vantagem na conversão para 3D

 

Por se tratar de uma imagem tridimensional, ampliar ou reduzir os efeitos de  profundidade de campo é um processo mais simples e que necessita de menos  correções do que o sistema adotado para conversão de imagens reais.

No entanto, isso apenas minimiza os riscos de um projeto criado em 2D e  convertido para 3D apresentar um resultado final aquém do esperado. Mais uma vez  o problema aqui é a linguagem. De nada adianta ver uma sequência em 3D forçada.  O ideal é que o efeito tridimensional tenha um propósito caso contrário pode  causar o feito contrário, distraindo o espectador ao invés de prender a sua  atenção.

 

Killzone 3 promete ser um sucesso em 3D com cenários contruídos especificamente para a tecnologia

Cada vez mais real

Você ainda verá muita coisa em 3D. Além dos cinemas e dos jogos, as próximas  apostas são as televisões e os celulares. Diversas empresas já preparam produtos  para suprir a demanda pelos efeitos tridimensionais. Embora ainda não exista  muito conteúdo nesse formato, esse panorama deve mudar gradativamente nos  próximos dois anos.

Durante a Copa do Mundo alguns cinemas brasileiros exibirão em tempo real as  partidas da seleção brasileira. Se tudo der certo até as Olimpíadas de 2012, os  brasileiros já terão opções em televisores nas lojas e programação específica  voltada para o formato.